sábado, 11 de janeiro de 2014

Quando mais jovem... Sonhei, sofri, amei, lutei e realizei.

Quando era mais jovem tinha muito medo de me relacionar com as pessoas. Era muito tímido, dificilmente saia de casa. Eu tinha tanta vergonha que no meu primeiro beijo, meu corpo inteiro ficou tremendo, dançando. Acho que foi o momento mais engraçado da minha vida.

Quando mais jovem tive um problema muito sério. Eu me apaixonava muito fácil, principalmente pela beleza física da pessoa. Não me entenda mal. Nunca fui de olhar para as partes intimas de alguém. E naquele tempo achava isso muito vulgar, um pecado mortal. Olhava para o rosto e começava a sonhar, a fantasiar momentos românticos e muito divertidos. Apenas os beijos era a consequência de tanto delírio, imaginação.

Quando mais jovem, a insegurança tomou conta de mim por muito tempo. Talvez porque não parava de estudar, de ler. Queria ajudar a minha família financeiramente, pois a harmonia do lar não era muito agradável. Meus pais viviam em constantes discussões e brigas. E eu cada vez mais ficava triste, calado, sério, reservado e com muito medo.

Quando mais jovem, participei dos encontros católicos, das missas na Igreja. Eu adorava todas aquelas reuniões, todas as orações que me faziam refletir sobre o que estava vivendo e que me traziam tanta paz. Por muitas vezes pensei em ser Padre. A Igreja era o meu refugio, minha proteção, a segurança que faltava em mim. Desde os meus seis anos estudei os ensinamentos da Bíblia, da Igreja Católica. E com isso aprendi valores tão importantes que carrego dentro de mim. Bem, não sou Padre, nem santo e muito menos perfeito.

Quando mais jovem, por muito tempo lutei pela perfeição. Estudava com dedicação para tirar dez em todas as disciplinas. E quando não conseguia ficava muito triste, mas não parava de estudar. Eu cobrava muito de mim mesmo. Policiava-me constantemente para não errar outra vez em diferentes assuntos que possa imaginar. Não aceitava errar. Esse foi um dos meus principais problemas. Mas aprendi que o erro é tão natural quanto respirar. Como podemos crescer evoluir sem o erro, sem a dor?

Quando mais jovem, queria muito crescer e ser independente. Queria poder ajudar as pessoas com palavras de carinho, com palavras de motivação e amor. Queria que todas as pessoas pudessem crescer junto comigo, tanto profissional como espiritualmente. Mas não sabia que cada um de nós tem o seu tempo, o seu momento para crescer. Todos! Devemos respeitar e aceitar as diferenças, pois elas são necessárias para um conjunto, para a formação de nossa personalidade.

Quando mais jovem, por muitas vezes fui chamado de estranho, de louco. Talvez porque nunca fui de guardar sentimentos, sensações, pensamentos. Queria poder compartilhar tudo que sentia, mas sem ser julgado. Isso é utopia?

Quando mais jovem, vivi em um mundo de fantasias. Era muito sensível, hipersensível. As pessoas não percebiam que machucavam facilmente o meu interior. Porém ao mesmo tempo isso foi necessário para o meu crescimento espiritual.

Quando mais jovem, não suportava as criticas. Criticas que machucam e te jogam no chão. Isso fez com que eu cobrasse ainda mais de mim. Tinha medo das criticas porque não sabia me defender. Eu não queria machucar ninguém e sempre soube o poder que as palavras possuem. A defesa é uma forma de ataque, pensando de forma pacifica. Quando se tem um grande poder de comunicação e argumentos para tudo, você pode criar um conflito, uma guerra. Mas quando domina esse poder e utiliza de forma apropriada, você é capaz de estabelecer a paz em qualquer situação. Um dia espero conseguir trazer a paz que tanto desejo, porém não posso esquecer que tudo tem seu preço.

Quando mais jovem tive medo de ficar sozinho. Apesar de todas as brigas que presenciei entre os meus pais, não queria que houvesse uma separação. Eu tive medo, muito medo de acontecer alguma fatalidade, principalmente com a minha mãe. Eu não odeio o meu pai, mas também nunca senti amor por ele. Na verdade não sabia o que sentia. Todas às vezes que ele não conseguia dominar o espirito ou entidade que estava em seu corpo, transformava-se em outra pessoa. Ele era agressivo, perturbado e agitado. Ele gritava, xingava, batia em minha mãe, em meus irmãos, em mim. Foi uma fase muito difícil para todos. Meu pai precisava de ajuda, mas não sabia ou não queria aceitar isso. Então, minha mãe decidiu sair de casa. Por um momento fiquei muito feliz. Tudo aquilo iria acabar. E realmente acabou. Mesmo com tudo isso, a separação é algo terrível. Se eu pudesse fazer alguma coisa... Mas esse era o nosso destino.

Quando mais jovem algo tomou conta do meu corpo. Até hoje não consigo explicar. Tinha certo poder de concentração e previsão. Muitos me chamavam de especial, de garoto prodígio por causa disso. Não me sentia com poderes de super-heróis. Na verdade sentia-me muito vulnerável, fraco, indefeso. E quando essas sensações ocorriam, meu corpo viajava, minha mente flutuava, mesmo sem sair do lugar. Enxergava o mundo de outra maneira. Olhava para as pessoas e para os fatos de uma forma totalmente diferente. E talvez, por causa do meu desejo de compartilhar a vida com os outros, muitas vezes fui chamado de louco. Só queria entender o que estava acontecendo dentro de mim...

Quando mais jovem disse para os meus pais que um dia seria um professor. E eles riram. E lembro-me que meu pai afirmou: “estudo é coisa de rico” e tinha que aceitar a realidade dura e cruel. Eu e meu irmão limpávamos os quintais dos vizinhos para comprar as apostilas da escola. Eu ficava tão feliz com tão pouco! Realmente foi muito difícil, mas com a ajuda de Deus e de minha mãe, consegui realizar o meu objetivo.

Fiz uma promessa. Lutaria com todas as minhas forças e nunca desistiria de realizar os meus sonhos. Hoje, graças a Deus, trabalho e não vejo a hora passar. Trabalho com aquilo que amo, algo que sempre sonhei desde menino. Mesmo com todos os problemas e dificuldades que passei na infância, na juventude, nunca desisti de lutar, de sonhar, de acreditar, de amar a vida.

Então, se você tem um sonho, lute. Nunca desista. Haverá momentos de muita dor, muito sofrimento. Muitas cicatrizes ficarão no seu corpo durante esta luta. Mas tenha certeza que a sua vitória vai chegar. Você já é um vencedor há muito tempo. Só precisa acreditar e continuar lutando todos os dias. Nunca deixe de sonhar, de lutar, pois o seu sonho vai se realizar.